„Então Jó respondeu a Deus: "Sei bem que podes
todas as coisas, e que ninguém se te opõe. Perguntaste quem foi que tão
loucamente"desacreditou a tua providência. Fui eu. Falei de coisas que
ignorava, de que nada sabia,"coisas demasiado maravilhosas"para a
minha compreensão. Tu dizes: 'Ouve e falarei! Deixa-me pôr-te umas quantas
questões!" Vê depois e podes responder!' Mas eu quero dizer-te o seguinte:
Antes, ouvi falar a teu respeito,"mas agora foi como se te tivesse
visto" com os meus próprios olhos; por isso me detesto e me arrependo;
ponho-me sobre o pó e a cinza"..“ Jó 42, 1-6
Dois amigos fazem um passeio em um dia ensolarado
quando derrepente o céu se escuresce e começa a chover. Um deles pede ao outro
que abra o guarda-chuva que o mesmo levava consigo. Esse lamenta e diz: „Pena,
não vai ajudar em nada, pois meu guarda-chuva está cheio de furos!“ Surpreso
pela resposta do amigo pergunta o primeiro: „Por quê você o trouxe então?“ Esse
retruca: „E eu sabia que ia chover?“
Essa história poder ser uma parábola sobre a fé de
muitos. Digo cheia de furos, incompleta e não consequêntemente refletida.
Normalmente não percebemos se a fé de alguém é ou não à prova d’água. No
entanto, quando chegam as tempestades da vida em forma talvéz de uma crise
pessoal surge então a pergunta crucial: Por quê carrego comigo já hà tanto
tempo uma fé que não é à prova d’água.
Muitas das difíceis situações que de maneira
inesperada ocorrem no livro de Jó, podem também assolar da mesma maneira nossas
vidas. Basta ligarmos a tv ou o rádio e em questão de poucos instantes
escutamos à respeito do destino trágico de algumas pessoas. Acidentes, doenças,
tragédias e notícias tristes assolam ao nosso redor. Ao ouvir à respeito
percebemos a sorte que temos.
Aparentemente Jó era um homem de fé. Ao receber uma série de notícias
trágicas, por exêmplo que soldados inimigos invadiram sua propriedade, roubaram
seu gado, mataram seus escravos e que depois seus filhos e filhas foram vítimas
de uma catástrofe da natureza – Jó, ao contrário de qualquer outro ser humano
não perde sua fé e confiança em Deus, pelo contrário ele diz a frase mais
marcante, sim a confição de fé mais marcante de toda bíblia:
"Saí nu do ventre de minha mãe; nada levarei
quando morrer. Foi o Senhor quem me deu tudo quanto possuía; por isso ele tinha
o direito de tornar a levar aquilo"que afinal lhe pertencia. Que o Senhor
seja louvado." Jó 1,21
Mesmo essa fé não o poupou das outras tragédias da
vida, que o assolaram da forma mais dramática que alguém podesse imaginar. Jó
perde sua saúde, seu corpo se enche de furuncos, sua esposa amargurada ao ver
tanto castigo para uma só vida despresa seu marido e o abandona. Antes no
entanto o azomba: „Você ainda se apega à sua fé? Negue a Deus e morra!“ Apesar
de tudo isso Jó permanece inabalável em sua fé. Mesmo ao perder tudo que
pertencia ele diz: „Não recebemos boas dádivas de Deus, por que não devemos receber as
ruins?“ Jó 2,10
Aparentemente Jó tinha mesmo uma fé inabalável. Ao decorrer do tempo no entanto os
buracos da fé se tornam evidentes. Tudo começou quando Jó foi visitado por 3
amigos que queriam consolá-lo.
Esses amigos eram representantes de uma linha
religiosa onde fé, demonstrada através de virtudes era recompensada com
prosperidade, saúde e uma vida longa; no entanto todo pecado era castigado com
pobreza, doencas e morte precosse.
O primeiro amigo de Jó começou seu discurso teológico de
forma cuidadosa dizendo que Jó deveria se arrepende e lamentar seus pecados,
pois nesse se encontra a causa dos seus sofrimentos. Jó se recusa à confessar
algo que ele não cometeu. O sofrimento que veio sobre ele não foi merecido. Os
teólogos da prosperidade, os mestres da doutrina da fé, os rastreadores das
raízes de enfermidade
desprezam o orgulho de Jó ao dizer que os mesmos estavam errados na
interpretacão das escrituras. Não, Jó não era apenas orgulhoso aos olhos dos
mesmos, mas sim um enganador de sí mesmo. Na verdade Jó deveria agradescer a
Deus pela sua misericórdia pois na verdade o castigo que Jó merecia era muito
maior do que aquele que ele recebeu.
Se os sábios sempre abrissem mão da razão,
reinaria a buricce na terra. Jó opina pela razão e confronta seus bem intencionados
amigos com uma séria de argumentos. Nesse ponto começou a chover atraves dos
buracos contidos na fé de Jó. Sua fé não era à prova d’água.
Primeiro ele amaldiçoa o dia do seu nascimento e
deseja a morte. Ele diz: (Hiob 9,21) „Eu sou inocente! Não quero mais viver. Eu desprezo
minha vida.“
E nessas alturas do campeonato Jó inicia um ataque
massivo contra Deus que trata o crente de maneira injusta. Deus se torna seu
inimigo.
Para mim é íncrivel que o livro de Jó faz parte do
canon bíblico, pois ninguém em toda bíblia se atreve a confrontar a Deus de
maneira tão agressiva e atrevida como Jó. Mesmo Jeremia em sua fase depressiva
ousa a falar com Deus como Jó falou. Deus deve deixá-lo comer seu pão em paz e
parar de pertubá-lo. Em outras palavras, Jó perde não somente a vergonha e o
respeito, mas se torna terrivelmente atrevido. Deus sim, é responsavel por tudo
que acontece de errado não somente no mundo, mas também na vida de Jó. Nesse
contexto se encontra o texto citado acima.
Para Jó não existem mais tabús. Ele ataca a justiça
e a competência divina. Sim, ele tem razão e não Deus. Jó o desviado da fé.
Esse livro me fascina, pois ele é incrivelmente atual.
Cristãos justos aos próprios olhos encontramos em cada esquina, assim como os
defensores da fé pura, os radicais e fanáticos, que não conhecem a graça de
Deus. Assim vivem muitos em um círculo vicioso, onde os mesmo ou criticam a Deus
e sua justiça ou os seus irmãos na fé.
A mudança na história de Jó acontece no momento onde Deus se
revela a ele. Esse momento quero esclarecer através de uma outra história. Imagine
essa situação: Uma
mulher entra em uma lanchonete e pede um café e um prato de biscoitos. Como o
local está cheio, ela pede licença e se acenta na mesma mesa, onde um homem
está lendo seu jornal ao degustar uma chícara de café. A mulher pega um dos
biscoitos do prato que se encontra sobre a mesa e ao mesmo tempo o homem pega
também um dos biscoitos do mesmo prato. A mulher ao ver o atrevimento do
desconhecido que ousa comer os biscoitos que ela comprou, tenta se controlar
para não explodir. Ele no entanto a olha diretamente nos olhos e sorri,
voltando em seguida a ler o jornal como se nada houvesse acontecido. Passado
algum tempo ambos pegam no mesmo momento mais um dos biscoitos. Nesse momento a
mulher fuzila o homem ao encará-lo com um olhar repugnante, mas o mesmo não se
deixa impressionar e sorri novamente. Por fim ao verem que somente um biscoito
restou sobre o prato, ambos tentam pegá-lo antes do outro. O homem foi mais
rápido. Ele abre novamente seu rosto em um sorriso, parte o biscoito ao meio e
come sua metade, deixando a outra sobre o prato. Então ele se levanta, se
despede e sai enquanto a mulher que diante a tal atrevimento não consegue dizer
uma palavra sequer. Nesse momento o garçon chega com um prato cheio de
biscoitos e se dirige a ela dizendo: Perdão, a senhora esqueceu o prato de
biscoitos em cima do balcão.
Os biscoitos que mastigamos enquanto reclamamos
da vida são de Deus! Tudo
que cremos possuir por merecimento próprio é dádiva divina! Deus na sua
misericórdia e graça nos supre com o pão de cada dia e ainda assim reclamamos e
ousamos a chamá-lo de injusto crendo mais na nossa justiça do que na bondade
divina.
Tanto Jó quanto seu amigos pecaram contra Deus ao
defenderem suas teoria ao invés de demonstrarem amor e gratidão. Nosso conhecimento é parcial,
nossas teses não passam de teses ao nos referimos a Deus. Uma tese segue uma
contra-tese e de tanto discutirmos acabamos ganhando uma „pró-tese“ e assim
caminha a igreja alejada de uma perna impedida de andar em direção ao perdido
por causa do nosso orgulho espiritual: Primeiro por não reconhecermos nossos
erros e segundo por não termos uma dúvida saudável do nosso conhecimento
parcial.
Se os amigos de Jó olhassem ao seu redor veríam com
certeza, assim como nós hoje, muito fieis pobres e necessitados em meio à uma
menoria „próspera“ aos seus olhos. Não seria arrogância supôr que o pobre,
doente, necessitado havia pecado e por isso colhia o fruto do mesmo? Nunca
vimos mesmo um justo à mendigar o pão? Mendigar talvez não, mas fato é que
entre os pobres e oprimidos desse mundo tem muitos crentes! O Senhor é o nosso
Pastor sim, como diz o Salmista do Salmo 23, mas se o nada os faltará se refere
mesmo às necessidades materiais não tenho certeza!!! Nossos guarda-chuvas
possuem furos, nossa fé não é 100% à prova d’água!
Jó sofreu, pecou, feriu a Deus e perdeu a
oportunidade de experimentar em meio à suas dificuldades a graça divina. Mesmo
assim ele reconheceu seus erros, escolheu o caminho da humildade e pediu
perdão.
Como está nossa vida espiritual? Pertencemos ao
partido de Jó com seu orgulho espiritual e uma fé tradicional ou ao partido dos
amigos com sua doutrina da causa/consequência? Fato é que todos nós conhecemos
Deus às vezes somente de ouvir falar e falamos tanta burrices em nome da fé!
Crêr não significa saber, pois cremos no que
ainda não vemos ou tocamos e assim podendo provar! Crêr ainda que seja uma certeza em
coisas que só sentimos, ainda deve dar margem à uma certa incerteza e dúvida,
não em Deus e sua palavra, mas em nós e em nossa interpretação. Quem duvida
de sí mesmo, quem reconhece a incerteza do próprio conhecimento, esse honra a
Deus! Nós nos
orgulhamos da nossa doutrina bíblica e olhamos o outro como se estivéssimos em
um andar superior. No entanto, reconhecemos realmente os buracos na nossa
própria fé? Será que a nossa fé nos sustentará nos momentos difíceis da vida?
Primeiro Jó pensou que Deus era injusto por ter
tirado sem motivo tudo que ele possuia na vida, bens, pessoas amadas,
reputação... Mas então ele teve um encontro pessoal com ELE. Deus se revela
ao seu amigo Jó como o criador do universo, sim o fazedor de biscoitos; ELE mostra a Jó o que faz pelo
gênero humano dia após dia. Depois desse encontro, talvez em uma lanchonete da
esquina, Jó reconhece que ele estava completamente falso. Deus não é um ladrão
ou nosso inimigo, mas sim o Senhor da criação, nosso Senhor e incrivelmente
amável. Assim ele confessa por sí e espero que também essas sejam sempre nossas
humildes palavras: „Antes, ouvi falar a teu respeito,"mas agora foi como
se te tivesse visto"com os meus próprios olhos.“
A história de Jó deixa claro que somos feitos com o
propósito de vivermos em comunhão com Deus e que tudo que temos à começar pelo
dom da vida, vem dELE. Enquanto permanecermos a olhar para o que posuimos ou
não, para o que ganhamos ou não e nos esquecermos da sua imensa graça e
bondade, então ainda não o encontramos de verdade. Chuvas e tempestades vinrão
com certeza, antes delas chegarem podemos no entanto conferir nossos
guarda-chuvas.
Ps. Se você quiser, pode ajudar a divulgar esse blog
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