Jesus é um pintor! Sua mensagem é cheia de ilustrações! Uma ilustração é um quadro da vida e como a mesma cheio de cores. Um dia Jesus usou a seguinte
quadro, dirigindo-se a uma grande multidão reunida para ouvi-lo, enquanto
muitos outros se aproximavam ainda, vindo de outras cidades:
"Certo homem foi ao campo semear. Quando lançava
as sementes ao chão, algumas delas caíram num caminho e foram pisadas. Vieram
as aves e comeram-nas porque estavam à vista. Outras sementes caíram em chão
pouco fundo com pedras por baixo. Mal começaram a crescer, logo murcharam,
morrendo por falta de humidade. Outras sementes, ainda, caíram entre moitas de
espinhos, que em pouco tempo sufocaram os rebentos. Mas outras caíram em solo fértil,
e quando cresceram deram uma colheita de cem vezes mais do que aquele homem
havia plantado." Ao fazer esta ilustração, Jesus acrescentou: "Quem
pode ouvir, que preste atenção." Os apóstolos perguntaram-lhe o que queria
dizer aquela ilustração, e Jesus respondeu: "Deus concedeu-vos a
possibilidade de conhecer o significado destas coisas sobre o reino de Deus.
Mas aos outros, fala-se por parábolas, como diz as Escrituras: 'Este povo ouve
as palavras porém não entende, vê e não percebe'. O que a comparação quer dizer
é o seguinte: A semente é a mensagem de Deus. O caminho duro onde caíram
algumas das sementes representa aqueles que ouvem as palavras de Deus, mas o
Diabo logo as vem roubar, não deixando que as pessoas creiam e sejam salvas. O
solo pedregoso representa aqueles que ouvem com prazer, mas a mensagem não fica
neles; e não deita raiz nem cresce. Quando chegam as provas desviam-se. A semente
entre os espinhos representa os que ouvem e crêem na palavra de Deus mas cuja fé
é depois sufocada pelas preocupações, ambições e prazeres da vida, pelo que
nunca dão fruto. Mas o solo bom representa as pessoas sinceras e honestas que,
ouvindo as palavras de Deus, dão fruto com continuidade." (Lucas 8, 4-8-15)
Visitar galerias de artes é um dos meus hobbys. Nada como contemplar uma obra
prima e tentar captar os sentimentos, perguntas, impressões que a mesma gera em
mim. Me lembro da primeira vez que estive diante de um Picasso e da emoção que o lago de rosas de
Monet causou em
mim. Vivo correndo atras de exposições de arte e para ver um quadro que me
desperta a atenção estou disposto à pecorrer kilometros. Vez por outro uso um
quadro como motivo da pregação. No momento trabalho em um projeto evangelístico
onde a Arte deve despertar no observador fé. Sem dúvidas um desafio!
Van Gogh me fascina! Sua biografia me impressiona e
despertar em mim uma mistura de tristeza e fascinação. O semeador é um das mais
famosas das suas obras. Antes de chegar até essa versão van Gogh pintou uma série
quadros com o mesmo motivo.
Van Gogh, um cristão? Sim um cristão! O semeador
expressa o desejo do pintor de sentir a presença e a direção de Deus no seu dia
a dia. Jesus é o semeador na parábola relatada por Lucas. O sol que brilha em
um amarelo berrante aparece em vários dos seus quadros. Na sua forma e
intensidade do brilho o sol simboliza nao somente a perfeição, mas sim a presença
divina. Uma vez van Gogh disse: „Quem nao acredita no sol é um ateu!“ Sol era
sua forma de falar da presença de Deus na natureza, seu calor e lúz que estão
presentes em nós através da fé em Deus. Amarelo é a cor predileta de van Gogh e a
mesma é presente na maioria das suas obras, pois Deus está presente em todo
lugar! O desejo
dele ao pintar era transmitir através do motivo e das cores ao observador uma
pregação melhor do que a que ele fez com palavras. Van Gogh um pregador?
Seu pai era pastor em uma Igreja Reformada. Após vários
empregos, dos quais sempre foi despedido van Gogh começou a lecionar em uma
escola metodista. Sua fé e conhecimento das escrituras despertou a atenção do
diretor da escola que também era pastor da igreja metodista local. Através
desse encontro, van Gogh se tornou ajudante pastoral. O trabalho com a igreja despertou
nele a vontade de estudar teologia e ele começou a se preparar para o estudo. O
estudo do grego, latin e matemática eram requeridas para o estudo da teologia. Van
Gogh dobrou as mangas da camisa e começou a se preparar para o estudo. Emfim
ele tinha um alvo na vida. No entanto, após uma visita a universidade ele
desiste do estudo e diz que „a faculdade teológica era uma fábrica de
fariseus.“ Sendo
assim ele se imatricula em um seminário para pregadores em Bruxelas, do qual
ele foi expulso 3 meses depois por pertubar as aulas com discussões sem fim de
maneira tal, que os professores nao conseguiam mais lecionar suas matérias.
Mesmo assim ele consegue um emprego como ajudante pastoral em uma região
carente. Os pobres e necessitados amavam a maneira como ele se empenhava em
ajudá-los não somente com palavras, mas também de forma prática. Van Gogh se
identificou de tal maneira com a situação da sua congregação que ele passou a
andar e viver como um deles. Primeiro veio voto de pobreza e depois a falta de
higiêne corporal o que levou a mais uma demissão. Um minístro do evangélho,
disseram os líderes da igreja, deve ser um exemplo em todas as áreas! Van Gogh
um louco?
O semeador de van Gogh é uma pregação! O que vemos? No meio exato da parte superior do
quadro o sol brilhando em um amarelo berrante que colore tudo que se encontra
na sua proximidade, como os frutos maduros prontos para uma rica colheita. Logo
abaixo dos mesmos uma linha desperta a nossa atenção, pois a paiságem muda
radicalmente. Um campo cheio de pedras e espinhos, uma trilha, pássaros à procura de alimento e em meio a tudo isso crescem
aqui e ali em meio
a todos os desafios a erva. Um homem, o semeador passeia com o saco cheio de
sementes atado a
sua camisa e joga com a mão direita as sementes em toda direção.
O Objetivo da fé - sim a fé tem um objetivo e esse
fica claro através desse quadro - é que a mesma brilhe em cores tamanhas e seus
frutos sejam tão atrativos aos olhos do observador, que o mesmo se mova em sua
direção em busca de alimento, calor e lúz.
A maioria das parabolas na bíblia nos falam sobre o
Reino de Deus, sim o Reino do Céu. O Reino de Deus começa de maneira invisível, mas ele
se tornará tremendo, brilhante, exalando calor e força e superando todos os obstáculos. Nada pode reter a vinda desse
Reino. Inimigo algum nesse mundo pode se por no caminho de Deus, não importa quão
grande e poderoso o mesmo seja. No entanto a vinda desse Reino pode ser
interrompida, se nós não nos abrimos para ele. Será que o meu coração é uma
terra fértil? Será que estou atento a Deus? Ou será que estou preso em minhas
preocupações com minha própria vida?
Motivos de preocupação existem! No entanto essas coisas podem ser
mortais para nossa fé, pois podem sufocar nossa confiança e esperança em Deus.
Onde fica o amor ao próximo, quando só estamos atentos à nós mesmos e as nossas
necessidades? Onde fica a fé?
„A semente entre os espinhos representa os que
ouvem e crêem na palavra de Deus mas cuja fé é depois sufocada pelas preocupações,
ambições e prazeres da vida, pelo que nunca dão fruto. Elas são sufocadas e nao amadurecem.“
O tema dessa parábola é a palavra de Deus que há de
ser semeada. Nesse ponto uma pergunta me incomoda: Será que o semeador
perdeu o juizo?
Que tipo de homem é esse que desperdiça algo tão precioso como os grãos à
serem semeados? Seria mesmo necessário que tantas boas sementes se perdessem?
Van Gogh pinta no fundo, no primeiro terço da
tela o quadro ideal, o sonho de todo semeador, 100% de crescimento. No entanto no início, antes da
semeadura toda terra é igual! O campo era como toda terra na Palestina dos dias
de Jesus, só era arado pouco antes da semeadura para nao ser resecado pelo
calor e pelo vento. Semear custa suor e músculos. Então sim sai o semeador com
o saco cheio de sementes atado ao seu corpo como uma segunda camisa, lançando
as sementes ao vento.
Os moradores da região de tanto caminharem pelo
campo no meses secos formaram uma trilha e algumas das sementes lançadas ao vento caem nessa
trilha seca. O homem nao percebe. Outras caem em solo pedregozo. O semeador nem vê. Muitas caem entre espinhos. O agricultor segue em frente
como se nada tivesse acontecido. Muitas no entanto caem em solo fértil.
Por que tanto desperdicio? Será que a culpa é mesmo
do semeador? Quem é o doido nessa história toda? Pense em um outro quadro:
Existem casas, onde a televisão ou o rádio ficam
ligados o dia inteiro. No nosso Brasil isso é comum. Mesmo quando pessoas
recebem visitas a tal da televisão fica o tempo inteiro ligada. Muitas vezes
nas conversas com visitas a atenção das pessoas presentes fica dividida entre a
telinha e os outros. Podemos mesmo chamar de conversa o que acontece em um
ambiente como esse?
Entre notícias assombrosas, desdobramentos de casos
de amor nas novelas e acidêntes de trânsito conversamos tanto sobre assuntos profundamente
pessoais e banalidades. Aí eu me pergunto, que proveito temos das mais ilustres
visitas, se nós como donos da casa ou convidados estamos o tempo todo
concentrados na vida alheia fictiva ou não que se encontram fora do nosso
alcance? Assim vivem muitos divididos entre o aqui e agora e ficção e coisas
distantes.
Anestesiadas por preocupações, ajuntamento de
riquezas e pelo luxo da vida recebemos a semente, sim a palavra de Deus. No entanto a mesma não alcança seu
alvo e não produz fruto algum. Deus nos envolve com a sua presença diariamente,
minuto por minuto. Ele fala conosco através da natureza, sua palavra,
acontecimentos diários. Suas palavras nos envolvem o tempo inteiro, mas as
mesmas nos encontram em diferentes situações. Se Deus tiver o azar de querer
falar algo importante conosco em um momento onde não estamos atentos à ele, então
é como se a semente fosse sufocada pelos espinhos ou morresce por falta de água.
O azar é nosso! O louco somos nós e não Deus!!!
A mensagem alcança os primeiros ouvintes! O mesmo ouve a palavra de Deus
quando quase não esperava. Talvéz como convidado em um batismo, como padrinho
em um casamento, em um culto de natal ou em um enterro. O mesmo ouve, mas a
mensagem entra em um ouvido e sai no outro.
O Segundo ouvinte conhecemos bem. Você senta em uma roda com amigos,
no meio de uma festa, em um bar e derrepente alguém te pergunta à respeito da
sua fé. Você começa à falar sobre a sua experiência e todos ficam atentos às
suas palavras. Cheio de alegria você se despede dos amigos ao ver que alguns
ficaram mesmo tocados. Alguns dias após a conversa um ou outro pensa ainda à
respeito de uma vida dedicada à Deus, mas depois de algum tempo o efeito passa
e os mesmos esquecem do que sentiram naquela bela noite!
O terceiro é como um homem de negócios que só pensa no lucro que o dia
trará. Existem muitos cristãos no mundo dos negócios que são tão duros quando
se diz respeito ao dinheiro como qualquer outro negociante. Infelizmente a fé
sufoca e o amor more de sede debaixo dos interesses financeiros. Ainda por cima
vem as preocupações
com a crise financeira que assola nosso mundo e cada um tem que cuidar da sua
aposentadoria, pois seria inresponsabilidade não pensar nos dias que vinram… Será que vale mesmo a pena permitir
que nosso medo e preocupação sufoque nossa fé como os espinhos sufocam as
sementes?
Naturalmente interpretamos essa parábola com
relação às pessoas que chamamos de „incrédulos“, mas será que vivemos mesmo uma
outra situação? Bom, ao perguntarem os discípulos qual o significado da
parábola Jesus responde: „Vocês receberam o dom de entender as coisas do Reino
dos Céus!“ Nesse ponto me pergunto, se é possível perdermos a sensibilidade
para com as coisas de Deus! Quantas vezes somos como os mais duros e inflexíveis comerciantes,
quando se diz respeito à nossa vida, preocupações e segurança?
Nessa parábola Jesus pinta diante aos nossos olhos
um quadro um tanto quanto deprimente. Três quartos do solo cultivado não trazem
a benção da semente, o fruto, à tona. Apenas em um terço dessa terra chamada
mundo cresce a semente até a ceifa. Vale mesmo à pena o duro trabalho do
agricultor de semear a preciosa semente nesse solo tão pobre? Loucura nao é
mesmo! Nesse sentido podemos dizer: Deus é louco! Qualquer outro daria esse solo às
ovelas e cabras como pasto.
Agora a decisão é nossa! Atrás do semeador se esconde o
próprio Deus e aqui mais do que nunca fica claro o quão imenso é sua graça e
amor. Deus não pensa economicamente. Pelo contrário eles esbanja seus dons e talentos, amor e
misericórdia. Dia após dia ELE dá crescimento, deixa aparecer os frutos e os
permite amadurecer. Dia após dia após dia resplandesce sua palavra nesse mundo
como o sol exala lúz e calor. Ele nos convida a cultivarmos o seu solo e
compartilhar sua preciosa palavra. Mas antes de nos dispormos como instrumentos
nas mãos de Deus, precisamos deixar que a palavra nos alcance. Nós devemos
preparar o nosso solo para que a palavra de Deus possa crescer e amadurecer nas
nossas vidas. Se não fizermos isso, então perdemos o juizo.
Como está se desenvolvendo a semente do evangelho
nas nossas vidas? Com o que se parece o nosso campo? Como o primeiro terço do
quadro de van Gogh ou será que nosso coração mais se parece com o lado
deprimente do mesmo? Se eu fosse van Gogh concluiria minha pregação com a
frase: Quanto mais próximos nos encontramos do Sol, sim de Deus o Sol da
justiça, mais forte transmitiremos suas cores, seu calor, seu amor. Esse é o
local, onde provamos nossa saúde mental.
Com certeza não foi conicidência que nesse contexto
o apóstolo Lucas nos adiverte de não escondermos nossa lúz debaixo de uma mesa,
mas pô-la no velador.
Mesmo sendo abertos para recebermos a palavra de
Deus, temos dificuldade de aplicar o que ouvimos na nossa vida. Talvez nos
desculpamos dizendo que não somos pessoas consequentes o suficiênte para
aplicarmos tudo na prática. Como se inconsequência fosse uma disposição
pessoal. Não, aqui precisamos tomar cuidado, pois com o passar dos anos pode
se ajuntar no nosso coração uma camada de pedras e rochas, que impedem que a
palavra de Deus produza raízes profundas nas nossas vidas. Nosso coração pode
se endurecer e se tornar escorregadio por fora e seco por dentro. Se a palavra
por acaso conseguir penetrá-lo, ela pode ainda morrer de sede! Por isso, nossa
oração nao deve ser „Ah, se eu não fosse tão superficial!“, mas sim „Senhor, me
dê forças para dobrar as mangas e trabalhar consequêntemente na minha vida
jogando tudo fora que impede a sua palavra de ir ao fundo do meu coração“.
A vida de van Gogh não foi fácil!
Como disse sua biografia me enche de tristeza. Sua loucura e por fim seu
suicídio foram frutos não somente da sua infância e relacionamentos destruidos,
mas acima de tudo das decisões que ele tomou. A decisão com respeito à nossa
vida é sempre nossa! Que Deus nos livre da loucura!
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