"Vou mostrar-vos outra maneira de explicar com que se parece o Reino de Deus: um lavrador semeou o seu campo e foi embora E dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-se-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa.
Marcos 4:26-29
Tantas pre ocupações. Tantas noites mal dormidas. Tantas horas de batalha espiritual. Tantos jejuns, propósitos e tudo isso somente para que o desenvolvimento espiritual seja acelerado? Ou talvez para aliviar a consciência, ou esconder nossa incredulidade e camuflar nossa falta de confiança em Deus? O homem é liberto da opressão do diabo e cai na pressão da maquinaria evangélica, como se Paulos e Luteros nascessem da noite para o dia. Como se recém nascidos comessem churrasco ou crianças dirigissem caminhões. Assim já, os novos convertidos são doutrinados à pagarem um preço por algo que é santo e de graça.
Marcos 4:26-29
Tantas pre ocupações. Tantas noites mal dormidas. Tantas horas de batalha espiritual. Tantos jejuns, propósitos e tudo isso somente para que o desenvolvimento espiritual seja acelerado? Ou talvez para aliviar a consciência, ou esconder nossa incredulidade e camuflar nossa falta de confiança em Deus? O homem é liberto da opressão do diabo e cai na pressão da maquinaria evangélica, como se Paulos e Luteros nascessem da noite para o dia. Como se recém nascidos comessem churrasco ou crianças dirigissem caminhões. Assim já, os novos convertidos são doutrinados à pagarem um preço por algo que é santo e de graça.
Que pena! Nós fomos libertos da opressão do inimigo, saímos das trevas
para luz, e nos esquecemos que vivemos debaixo da graça de Deus. Se o Reino de
Deus começa no coração humano e esse Reino é um Reino de paz, essa paz deve se
espalhar na minha vida, e isso no que diz respeito ao meu passado, ao meu
presente e ao meu futuro. Toda tentativa de acelerar um processo de cura e
santificação, violenta a natureza da fé e assim pecamos contra a graça de Deus e
contra nós mesmos.
Para deixar claro o quão imenso e maravilhoso é o Reino de Deus, Jesus
conta uma parábola. Através de ilustrações e comparações ele mostra aos seus
ouvintes, que Deus reina e revela a maneira como esse reinado chega até nós.
O Reino de Deus representa os desejos mais
íntimos e primordiais da humanidade.
Desejo de paz e liberdade, de prosperidade e felicidade. O Reino de Deus
representa nossa busca secreta de sentido para o nosso viver, nosso desejo de
crescermos e amadurecermos como pessoa e também a sede de livramento da dor, de
doenças, do sofrimento e da própria morte.
Jesus conta uma parábola otimista. A semente cresce
sozinha, sem ajuda humana, quase como se alguém tivesse apertado um botão. No entanto,
o próprio Jesus, assim como seus ouvintes, sabem que não somente a semente, mas
a planta e o próprio fruto – assim como nossa alegria, liberdade e crescimento
– sempre se encontram ameaçados: tempestades podem vir, um período de seca pode
aparecer da noite para o dia, uma praga de gafanhotos pode cair sobre a
plantação e devorar tudo. São tantas as possíveis catástrofes que contradizem o
desenvolvimento da plantação, que nos leva à conclusão de que o fruto, sim a
colheita, é sempre um milagre.
O semeador segue um ritmo determinado: ele joga a
semente na terra, se deita, adormece e levanta ao nascer do sol. Enquanto isso
a semente cresce e cresce até a colheita em um ritmo determinado por Deus.
Primeiro as raízes, depois o caule, uma folha, outra folha, um broto, a espiga
e por fim os frutos maduros (Genesis 8,22).
A experiência no campo deve despertar em nós uma
profunda certeza, à respeito das coisas relacionadas ao Reino de Deus e à
maneira como o mesmo se espalha nas nossas vidas. Jesus deseja nos consolar, ele quer que vivamos com
mais confiança nEle, pois ELE conhece não somente nossas necessidades e
desejos, mas também o caminho pelo qual ELE nos guia. Em alemão eu diria que
Deus quer que vivamos "gelassen“.
O nosso "confiantes“ em português é fraco para descrever a intensidade dessa
palavra. A expressão mais próxima seria "em estado de graça“! Nós não
precisamos nos esforçar para que a semente do Reino cresça na nossa vida, pois
ela crescerá pela graça de Deus!
O trabalho paciente do semeador é suficiente! Ele sabe qual é a parte dele nesse processo da vida
e isso basta. O semeador sabe quando ele deve parar e deixar a natureza agir.
Todo trabalho em excesso seria tomar o lugar de Deus e isso é diabólico! Ao
invés disso, após termos feito nossa parte, devemos descansar na graça que é
melhor que a vida, nas promessas de Deus. ELE disse, ELE fará!
Realmente é um mistério como a palavra de Deus
germina na alma humana até produzir frutos. Com certeza o Reino de Deus virá.
Ele já está no nosso meio. Os planos que Deus planejou para o mundo, para minha
vida, para a igreja serão realizados.
Mesmo que o reinado de Deus pareça oculto, ele
ainda se tornará visível! No contexto dessa parábola percebemos a
incerteza dos discípulos, se aquilo que Jesus prega realmente acontecerá. Eles
buscam no Reino de Deus um sentido para suas vidas. Após tanto tempo na
companhia dele, eles começam à questionar se esse "Reino“, do qual Jesus fala,
realmente trará a mudança tão desejada, ou se eles devem tomar o mesmo pela força.
Olhando o contexto, entendo o desespero dos discípulos. O que Jesus prega com
relação à Deus, sua vinda ao mundo, seu amor pelo gênero humano, suas promessa,
não encontra nenhuma ressonância no mundo. Suas palavras parecem serem levadas
pelo vento. As pessoas se fecham e o número de inimigos que à cada dia cresce
parece superar todo sucesso. À cada passo que Jesus dá se estreita seu caminho
mais e mais e o fim do mesmo não é um mistério para ninguém. Para aumentar o
desespero dos discípulos, todas as vezes que Jesus é reconhecido como o tão
prometido e ansiado Messias, ele ordena que as pessoas se calem. Será isso o
Reino de Deus?
Nesse contexto Jesus diz "observe o semeador“ e com essa palavras ele transforma a parábola em
uma fonte de paz: O semeador após semear as sementes no campo se deita e dorme
tranquilamente. A semente vai crescer, pois ele sabe que ele fez a sua parte. O
Reino de Deus virá com certeza! Se preocupar? Por quê? Deus está no controle!
O Semeador nessa parábola não sabe como a semente
cresce. Nós conhecemos hoje todo processo biológico. Nós sabemos à respeito da
divisão das células, da mutação, da fertilização e da herança genética. Nós
nos encontramos em uma fase crítica da manipulação genética. O semeador dessa
história não sabia nada disso. A única coisa que ele sabia era que a semente
cresce! Hoje em dia nós podemos não somente acompanhar, mas também controlar e
influenciar cada fase do crescimento. Por causa disso é compreensível que viemos a desejar também fazer o mesmo com o Reino de Deus, como se o mundo parasse de
girar ao fecharmos os olhos para dormir!
Em segredo, escondido do olhar humano, solitário e
frágil como uma semente no campo se expande o Reino de Deus no mundo. Mesmo que
o Reino de Deus seja esquecido em um canto dos nossos corações, ainda assim ele
cresceria, como a semente no campo cresce, ainda que o semeador a esqueça. A
boa obra que ELE começou, ELE terminará!
O Reino de Deus não se encontra nas nossas mãos! O lavrador semeou seu campo, agora é hora da terra fazer
sua parte. O dia trás seus afazeres e tem seu próprio ritmo. A vida do lavrador
segue em frente. Ele acorda, trabalha, come e se deita de acordo com o ritmo do
dia. Lá fora, no campo, a semente germina, desperta para a vida, cresce e segue
seu destino dado por Deus. Será que o lavrador deve se deitar ao lado e
observar se tudo corre mesmo como deveria? Será que a semente necessita da
ajuda dele? Mesmo que ela precisasse como ele poderia ajudá-la? A natureza tem
o seu tempo e o mesmo não se deixar controlar!
O lavrador semeou o campo, mas foi a terra que fez a
semente crescer! A parábola deixa claro, que o sucesso do Reino de Deus não
depende de nós, das nossas noites sem dormir, das inúmeras e incansáveis
batalhas espirituais, jejuns ou propósitos. A terra traz o fruto e não o esforço humano! A nossa tarefa
nesse processo maravilhoso é fazer apenas nossa parte, o milagre pertence à
Deus!
A mensagem dessa parábola nos liberta de toda
pressão da nossa consciência, neurose e opressão evangélica. Nós não precisamos
controlar ou tentar acelerar o nosso desenvolvimento espiritual. Esse texto nos
liberta da impressão de que o crescimento do Reino de Deus no mundo dependa de
nós e nos exclui também do mérito do mesmo. Nós não podemos ajudar, mas também
não podemos acelerar ou até mesmo interromper ou freirar a vinda do mesmo. O
Reino de Deus se espalhará no mundo, nas nossas vidas e na igreja, por que Deus
assim o quer.
Ao invés de pressionar algo que não está nas nossas
mãos, necessitamos de coragem para confiarmos no poder de Deus. Confiar que a
minha fraqueza não é limite para Deus agir em mim ou através de mim, se o
Espírito Santo vive em mim. Deus é aquele que nos transforma e dá crescimento.
Ele me a acompanha no processo de morte para mim mesmo e é quem faz crescer em
mim uma nova vida. Até mesmo meus pecados e fraquezas estão nas mãos dELE.
Paz invade nossas almas! Nós podemos viver nossa vida na paz que ultrapassa
todo entendimento. O Reino de Deus foi semeado. Viver em paz não significa não
fazer nada mais para o Reino de Deus. Mas a confiança de que o Reino foi
semeado e está à crescer nos livra da neurose de termos que agir, fazer,
controlar, influenciar, pagar um preço para que o Reino cresça. Nosso presunção
de sermos responsáveis pelo sucesso da igreja e de que NADA funciona sem nossa
colaboração cai por terra. Somente quando confiamos, experimentamos a liberdade
de agirmos e de vivermos em estado de graça. Nesse ponto podemos respirar fundo
e esperar que a a semente de Deus amadureça no mundo, na igreja, nas nossas
vidas. Deus semeou esse mundo através do seu filho e ELE verá os frutos. O
Reinado de Deus virá sem a nossa ajuda. Por isso somos livres para semear e
investir em pessoas, no amor, na paciência, nosso dinheiro, energia, idéias ...
Para finalizar tenho que citar Luthero, pois a
confiança do mesmo me impressiona: "Eu semeei a palavra, de forma falada e
escrita. Coisa à mais não fiz. Eu deixei a Palavra agir. Isso aconteceu
enquanto eu dormia ou enquanto eu tomava minha cervejinha com meus amigos.
Enquanto eu desfrutava a companhia dos amigos e a cerveja gelada, o evangelho
corria pelas ruas e chegava ao seu alvo.“
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