domingo, 20 de janeiro de 2013

ENCRUZILHADA DA FÉ

"Para onde iremos, Senhor? Se só tu tens as palavras de vida eterna?”
João 6, 68


As conversas que tenho com outras pessoas ou as que escuto no metrô, nos cafés ou nas ruas (escutar conversas alheias é uma arte!) são marcadas por verbos como: receber, ter, alcançar, esforçar, desfrutar ou aproveitar. Será que as conversas que temos são diferentes? A fronteira entre igreja e mundo não são mais tão evidentes como costumamos afirmar. Acho que a igreja não faz mais a diferença que deveria fazer.

Nós frequentamos um culto para sermos abençoados. Nós reclamos nos ouvidos de Deus, quando a vida na nossa opinião é difícil. Nas nossas orações formulamos aquilo que queremos receber, dos bens materiais que desejamos alcançar, dos livramentos que requeremos de doenças, problemas ou sofrimentos. A doutrina da prosperidade cresce e se alarga na igreja de Cristo. Cristãos negociam com Deus, pensam somente em sí mesmos e só tem as próprias necessidades diante dos olhos.

Uma vida abençoada é na opinião de muitos uma vida sem necessidades, onde os sonhos são realizados para que assim tenhamos a confirmação de que Deus nos ama, pois qual é o pai que tem prazer em ver seus filhos sofrerem? Quem vive assim, quem pensa desse jeito, pensa somente em sí mesmo e nega a essência de Deus, o amor. Às vezes penso que não somente os incrédulos precisam de conversão, mas nós cristãos precisamos nos perguntar se o nosso coração realmente está em Deus.

"Para onde iremos Senhor" para que as nossas vidas sejam abençoadas? Será que são coisas como divertimento, sucesso, dinheiro, propriedades, férias, saúde, realizações, dons ou a falta dos mesmos o verdadeiro sinal de que minha vida é ou não abençoada? O que é importante para mim? O que ocupa minha mente? O que controla minha vida? Onde está o meu tesouro?

O Espírito Santo deseja nos levar à fonte da vida, pois Jesus não veio ao mundo para suprir nossas necessidades superficiais, mas nossos desejos mais profundos. Quando lemos os evangelhos, as boas novas de Deus, então percebemos que a vida cristã tem muito mais à ver com auto-negação, com dedicação, com palavras ultrapassadas como humildade, mansidão, misericórdia e arrependimento. Quem quer ser um discípulo de Jesus precisa negar à sí mesmo, tomar sua cruz sobre sí e seguí-lo atravéz de verdes pastos, de desertos e de vales, até mesmo da sombra da morte.

O contexto no qual Pedro fez essa pergunta à Jesus, nos leva ao verdadeiro foco da vida cristã. O discurso sobre a cruz que seus discípulos deveriam tomar sobre sí, fez com que muitos dos ouvintes abandonassem a Jesus. "Vocês também querem ir embora?", pergunta Jesus aos seus discípulos. "Para onde iremos, Senhor? Se só tu tens as palavras de vida eterna?” retruca Pedro por sí e por seus companheiros que querem permanecer fiés ao Mestre.

Os discípulos reconhecem em Jesus o ungido de Deus. Retornar à rotina antiga, voltar à viver como antes se tornou impossível para os mesmos. Todo sucesso que eles poderiam alcançar na vida se tornou ilusão comparada às palavras de vida eterna que fluiam do ungido de Deus. O mundo perdeu seu encanto diante da verdadeira vida.

Retornar ao começo e recomeçar à viver é impossível. No entanto podemos hoje com as nossas decisões mudar o curso das nossas vidas. Nós nos encontramos em uma encruzilhada. Nós podemos continuar à viver como sempre vivemos ou nós podemos viver com todas as consequencias o nosso chamado de sermos sal e luz nesse mundo. Para isso precisamos que o Espírito Santo de Deus nos abra os olhos, para que possamos ver o quão vazia a nossa vida é, o quão fúteis as nossas buscas de sucesso, posses e reconhecimento são, se Jesus não for o centro das nossas vidas. Se reconhecermos isso, então não será importante para nós recebermos o que achamos ser o nosso direito, mas sim estarmos pertos dELE e ouvirmos palavras de vida eterna!

Que Deus nos abençoe !

Um comentário: