segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

SEU PERFUME FRANCÊS FEDE COMO FEZES, CASO o seu coração está longe das pessoas! – Culto não substitui obediência


Dê uma olhada no mundo atual. Nas folhas dos jornais, revistas, reportagens da TV, internet, nas ruas da nossa cidade, em cada canto do mundo... O que vemos? Injustiça, necessidades diversas, pobreza, doenças e fome. Todas essas coisas caminham em um acelerado crescimento, assim como guerras e conflitos sangrentos em inúmeros países do mundo, a corrupção e uma política suja que se empenha em defender um grupo seleto, enquanto a situação alarmante da grande maioria parece não perturbar as noites de sono dos senhores feudais do mundo atual. No meio de tudo isso se encontra a Igreja de Cristo.

Amós foi o maior crítico social entre os profetas da bíblia. Ele pertence ao grupo dos profetas menores. Somente 9 capítulos contam sua história. Os relatos da vida e atividades de Isaías e Jeremias são muito mais longos, mas a mensagem de Amós supera em clareza e peso das palavras os livros dos grande profetas.

Em meio ao oitavo centenário antes do nascimento de Cristo, reinava em Israel um capitalismo selvagem, que ignorava a situação da grande maioria do povo escolhido. Não existia nenhum rastro de justiça social, muito pelo contrário, a massa vivia sob a pressão de uma minoria que buscava se enriquecer às custas da pobreza dos outros, e que não se envergonhava em usar meios sujos para obter ganho. A tesoura social se abria cada vez mais aumentando a distância entre ricos e pobres. Os fins justificavam os meios e assim não interessava a ninguém se a honra e a dignidade do indivíduo, era pisava em prol dos benefícios de poucos. Famílias que injustamente eram levadas a se endividarem, eram vendidas pelos ricos como escravos para pagarem suas dívidas.  “O povo de Israel tem pecado sempre e sempre. Não poderei esquecê-lo. Perverteram a justiça aceitando subornos, vendendo como escravos os pobres, que não podiam pagar as dívidas contraídas; venderam-nos por um par de sapatos“ Diz Amós (2:6b)

As pessoas eram tratadas como animais de carga ou como uma ferramenta que somente era amolada, enquanto o lucro justificava os custos. Em caso de doenças ou velhice os mesmos eram abandonados. O valor de uma pessoa era relacionado ao trabalho realizado pelo mesmo. Os proprietários de terras exigiam a maior parte do fruto do trabalho dos pobres como pagamento. Pisam com os pés o pobre e roubam-lhe até ao mais pequeno tostão com taxas iníquas e da usura. É por isso que constroem vivendas luxuosas, que nunca chegarão a habitar; também não beberão o vinho das esplêndidas vinhas que plantaram.!“ diz Amos (5:11). Quem não possuía bens, não herdava nada, quem não fosse proprietário de terra, quem somente possuía o trabalho de suas mãos, esse era friamente abusado. Escutem, vocês os comerciantes que roubam o povo, e enganam os necessitados!“  Amós (8:4)

Pobres não tinham direitos. Corrupção e suborno ocorria em cada esquina. Os ricos entravam em contato com seus amigos, e assim, juízes e profetas falavam o que os mesmos queriam ouvir. (5:12; 2:12) Processar um rico? Para quê? Todos sabiam que a justiça só era cega para a necessidade dos pobres. Os comerciantes israelitas deixavam os preços subirem, enquanto diminuíam a qualidade dos seus produtos. Vocês que escravizam os pobres, comprando-os por uma moeda de prata ou um par de sapatos, ou vendendo-lhes trigo em mau estado de conservação“ Amos (8:6). Como fruto de uma sociedade em plena decadência, a prostituição explodiu e assumiu as ruas das cidades da terra prometida. O único bem que muitos possuíam era o próprio corpo e para não morrerem de fome ou evitar que alguém da família terminasse seus dias como escravo por causa de dívidas, muitos se vendiam nas esquinas da vida. Amós chora: Pai e filho violentam a mesma mulher, desonrando o meu santo nome!“ (2:7b)

Quem despreza a vida de um ser humano e o trata como uma mercadoria, despreza o criador! Deus não aquenta mais olhar essa situação: Ai dos que vivem sossegados em Jerusalém e em Samaria e que gozam de tanta popularidade entre o povo de Israel. (6:1) Vocês repousam em camas de marfim, rodeados de luxúria, comendo a carne de tenro cordeiro e dos melhores bezerros. Cantam canções vãs ao som da harpa, imaginam que são grandes músicos, como era o rei David. (6:4-5)

Amós urge como um leão! Nenhum profeta antes ou depois dele criticou a injustiça social de forma tão clara. “Que bom que ele não teve medo de dizer a verdade”, dizemos hoje! Interessante é perceber que da mesma maneira que ele fala respeito da sociedade no dia a dia, da mesma maneira ele fala sobre os cultos.

Amós 5: 21-24:
Aborreço com veemência as vossas celebrações - a vossa hipocrisia, honrando-me com festas religiosas. Não aceitarei os vossos holocaustos e sacrifícios de gratidão. Nem sequer olharei para os vossos sacrifícios de paz. Calem antes os vossos hinos de louvor - não passam de mero barulho aos meus ouvidos. Não escutarei a vossa música, por muito bonita que possa ser. O que eu quero ver é antes a justiça correndo como a poderosa correnteza de um rio - como uma torrente abundante de boas obras.“

Assim diz Deus e não seu Profeta! Deus despreza o culto do seu povo e ele diz basta! Oração, devoção, louvor que fedem! O povo escolhido se ajunta, querem um encontro com o seu Deus e esse os ignora! Lendo isso pensamos: “Hoje em dia isso só acontece com as pessoas que só buscam a Deus quando estão em dificuldades!“ Podemos realmente ter certeza de que Deus gosta dos nossos cultos? 

Os elementos dos cultos na época de Amós vem de um outro tempo. Hoje, nós não entregamos mais ofertas de alimento e gordura. Quando ofertamos alguma coisa, então nosso dízimo e ofertas. Nossas igrejas não cheiram com churrascaria. Nós também não comemos durante os cultos como os judeus e os primeiros cristãos. O lugar da harpa ocupa hoje guitarra e piano. Será que Deus se agrada mais da nossa música?

O motivo da crítica não é que Amós ou Deus prefiram um outro estilo de culto ou louvor com músicas e instrumentos modernos. Essas são as palavras de um Deus apaixonado e ao mesmo tempo ferido pelo seu povo. Deus diz claramente o que odeia, o que fede, o que contamina os cultos, e não são as músicas e instrumentos, mas sim as pessoas que estão podres!

Nesse ponto percebemos que a crítica social de Amós não é diferente da crítica das atividades religiosas. As duas são dois lados da mesma moeda! Seus cultos me assustam, pois, neles  “a justiça não flui como a poderosa correnteza de um rio - como uma torrente abundante de boas obras!”

Direito e justiça é o que Deus procura entre o seu povo. Ideais e obras justas. A palavra justiça (Zedakah) pode ser traduzida como fidelidade social. Isso é o que Deus tem em mente, uma relação social com a qual podemos contar e que espelha o caráter de Deus. Justiça protege os fracos. Justiça defende aqueles que necessitam de ajuda. Justiça não busca nunca o próprio bem às custas dos outros. Justiça busca o bem comum. Deus é justo e seu povo abandonou os caminhos da justiça.

Justiça e direito devem fluir como a fidelidade de um rio que corre, mas os cultos, hoje, são um leito seco e não passam de um encontro cultural, onde as pessoas se esquecem do mundo lá fora. Aqui, entre os religiosos a aparência de um mundo saudável existe e disso ninguém quer abrir mão, ainda que tudo o mais vá pro inferno! Prossigam nos ritos de louvor, e dêem ofertas extras. Hão-de sentir-se orgulhosos disso tudo, e falarão disso por toda a parte!Diz Amós (4:5)

Nessa época ocorre uma mudança fundamental nos cultos. O povo, que durante a semana se esquece dos mandamentos de Deus, procura se assegurar de que Deus está do lado deles. As pessoas buscam a benção de Deus para suas vidas, para seus planos e idéias. O dia a dia fica do lado de fora do lugar sagrado. A vida fora do templo é um território privado. "Negócios e fé, política e fé, esse tipo de coisa tem que ser tratada separadamente!" Dizem! Lendo Amós penso que o mundo e até mesmo os perigos da fé não mudaram nada nesses 2800 anos.

Tudo que a Deus ainda pertence, são as ofertas e a língua dos fiéis, mas essa última somente durante os cultos. Seus ouvidos, coração e mãos já se tornaram a muito tempo propriedade particular. Eles querem agradar a Deus para usá-lo. Esse é o culto do povo santo nos dias de Amós. Assim eles transformaram Deus em um deus. Eles fizeram do Senhor um servo!

Seu perfume francês fede como fezes, se o seu coração está longe das pessoas! Quando tudo nas nossas vidas giram em torno dos nossos interesses particulares; onde o valor, a vontade, e o bem estar dos outros se tornam concorrentes dos nossos alvos a podridao desse mundo invade o que deveria ser sagrado. Nesse lugar, ainda que ele tenha aparência de santo, Deus é reduzido aos benefícios que ele traz. Deus é cultuado enquanto ele nos abençoa. Deus se torna mais um fator nas nossas vidas. Aqui reina o evangelho da prosperidade na sua forma mais pérfida e aqui reina o diabo!

Deus diz basta! Seu povo fala sobre amor, mas dia apos dia busca seus próprios interesses. Eles pregam a verdade e durante a semana mentem. Eles falam que amam um Deus justo, mas a vida e o bem estar do próximo não interessa a ninguém. Culto não substitui obediência! Pelo contrário o culto desperta a obediência nas nossas vidas!

Deus não é contra cultos e encontros, mas ELE grita contra encontros culturais religiosos ou pseudo-cristãos, onde a música, a programação, a decoração e efeitos ocupam o lugar de destaque, porem muitas vezes o coração está distante das pessoas ao nosso redor. Durante a semana pisamos e empurramos as pessoas dos nossos caminhos e fechamos os nossos olhos para a necessidade alheia e aos domingos cantamos ou escutamos lindos louvores e oramos pela nossa prosperidade.

Amós prega juízo. Somente em algumas poucas passagens do seu livro brilha timidamente esperança. “Buscai-me e vivei!“ “Convertam-se dos seus maus caminhos. Voltem para mim, então estarei presente novamente nos seus cultos!“

Onde está o evangelho, sim as boas-novas nesse texto? Essa pergunta é fundamental para a nossa leitura diária da bíblia. O evangelho aqui está com os pobres, doentes e explorados, pois enfim é restabelecido o direito dessas pessoas. Deus é um juiz justo que não aceita suborno e ele mesmo proclama aos pobres e oprimidos as boas-novas. Para os opressores sim existe juízo. Amós chama o povo a se arrepender e aqui encontramos o maior de todos os mandamento novamente! O amor deve ser restituido.

Nesse ponto nos perguntamos: “O que tem essa crítica do profeta haver com os nossos cultos hoje?“ Afinal de contas esse texto se encontra no antigo testamento e hoje em dia nossas igrejas são diferentes, vivemos na graça!

Hoje podemos dizer que a Santa Ceia ocupar o lugar de destaque nos nossos cultos. No início da igreja não existia cultos e encontros sem ceia. Os primeiros cristãos comiam juntos, trocavam experiências, consolavam e incentivavam mutuamente e compartilhavam suas necessidades. Os pobres recebiam mantimento para a semana. Nos culto, na celebração da ceia existia aquilo que o antigo testamento chama de justiça e que Jesus chamou de amor. O amor de Deus por todos e a justiça entre os seus filhos. Na celebração da ceia nos lembramos da morte de Jesus. Sua morte é a única oferta da nova aliança. Nós não precisamos mais acalmar a Deus, influenciar ou subornar com nossas ofertas, para termos a certeza de que ele está do nosso lado! Deus é bom para conosco e isso ele mostrou na cruz.

No entanto nossos cultos correm o mesmo risco dos cultos na antiga aliança. Nós também podemos cair no engano pensando que obediência significa apenas irmos ao culto. Nós também podemos tentar fazer das nossas músicas, louvores e intercessões um substituto para a nossa obediência diária. A frase de Keith Green ainda é tão atual como nos anos 80: “Ir à igreja não faz de você um cristão, assim como ira o McDonald não faz de você um Hamburger.” Não é o conteúdo das nossas canções ou onde eu vou de-vez-em-quando, mas sim a quem meu coração durante a semana pertence, isso sim decide, se eu vivo como cristão ou não. Tanto na antiga quanto na nova aliança prevalecem o amor incondicional ao próximo em forma de fidelidade social

Paulo diz em Romanos 12, 1: Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.“

Para finalizar quero enfatizar: O culto de domingo é simplesmente uma forma especial do culto diário. O perigo dos Israelitas é também nossa tentação hoje. Todos que creêm em Deus são tentados a abandonar seus caminhos no dia a dia, por causa dos próprios interesses. Do profeta ouvimos hoje: Quem conhece a Deus, mas seu coração não pertence a ele no decorrer da semana, essa pessoa não vai encontrá-lo em nenhum culto de domingo. Mas também aprendemos de Amos hoje, que aquele que realmente busca a Deus, esse sim vai encontrá-lo tanto no domingo, quanto no decorrer da semana.

Vamos buscar a Deus e não esquecer do nosso próximo.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O PAPA É POP!

A decisão do Papa Bento XVI foi a vitória do intelecto. Nao é somente Deus que decide quando um pontifício deve terminar, mas ELE deu ao homem também inteligência o suficiênte para reconhecer quando deve abrir mão e dar lugar à outro. Inteligência é o que está faltando em muitas igrejas, o que mais tem é fanatismo religioso. Nós devemos amar à Deus com todo o nosso entendimento e desse entendimento o Papa mostrou que usou! Hoje sou Benedict!

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O MUNDO NAO PARA DE GIRAR, SE VOCÊ DORMIR!


"Vou mostrar-vos outra maneira de explicar com que se parece o Reino de Deus: um lavrador semeou o seu campo e foi embora E dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-se-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa. 
Marcos 4:26-29

Tantas pre ocupações. Tantas noites mal dormidas. Tantas horas de batalha espiritual. Tantos jejuns, propósitos e tudo isso somente para que o desenvolvimento espiritual seja acelerado? Ou talvez para aliviar a consciência, ou esconder nossa incredulidade e camuflar nossa falta de confiança em Deus? O homem é liberto da opressão do diabo e cai na pressão da maquinaria evangélica, como se Paulos e Luteros nascessem da noite para o dia. Como se recém nascidos comessem churrasco ou crianças dirigissem caminhões. Assim já, os novos convertidos são doutrinados à pagarem um preço por algo que é santo e de graça.

Que pena! Nós fomos libertos da opressão do inimigo, saímos das trevas para luz, e nos esquecemos que vivemos debaixo da graça de Deus. Se o Reino de Deus começa no coração humano e esse Reino é um Reino de paz, essa paz deve se espalhar na minha vida, e isso no que diz respeito ao meu passado, ao meu presente e ao meu futuro. Toda tentativa de acelerar um processo de cura e santificação, violenta a natureza da fé e assim pecamos contra a graça de Deus e contra nós mesmos.

Para deixar claro o quão imenso e maravilhoso é o Reino de Deus, Jesus conta uma parábola. Através de ilustrações e comparações ele mostra aos seus ouvintes, que Deus reina e revela a maneira como esse reinado chega até nós.

O Reino de Deus representa os desejos mais íntimos e primordiais da humanidade. Desejo de paz e liberdade, de prosperidade e felicidade. O Reino de Deus representa nossa busca secreta de sentido para o nosso viver, nosso desejo de crescermos e amadurecermos como pessoa e também a sede de livramento da dor, de doenças, do sofrimento e da própria morte.

Jesus conta uma parábola otimista. A semente cresce sozinha, sem ajuda humana, quase como se alguém tivesse apertado um botão. No entanto, o próprio Jesus, assim como seus ouvintes, sabem que não somente a semente, mas a planta e o próprio fruto – assim como nossa alegria, liberdade e crescimento – sempre se encontram ameaçados: tempestades podem vir, um período de seca pode aparecer da noite para o dia, uma praga de gafanhotos pode cair sobre a plantação e devorar tudo. São tantas as possíveis catástrofes que contradizem o desenvolvimento da plantação, que nos leva à conclusão de que o fruto, sim a colheita, é sempre um milagre.

O semeador segue um ritmo determinado: ele joga a semente na terra, se deita, adormece e levanta ao nascer do sol. Enquanto isso a semente cresce e cresce até a colheita em um ritmo determinado por Deus. Primeiro as raízes, depois o caule, uma folha, outra folha, um broto, a espiga e por fim os frutos maduros (Genesis 8,22).

A experiência no campo deve despertar em nós uma profunda certeza, à respeito das coisas relacionadas ao Reino de Deus e à maneira como o mesmo se espalha nas nossas vidas. Jesus deseja nos consolar, ele quer que vivamos com mais confiança nEle, pois ELE conhece não somente nossas necessidades e desejos, mas também o caminho pelo qual ELE nos guia. Em alemão eu diria que Deus quer que vivamos "gelassen“. O nosso "confiantes“ em português é fraco para descrever a intensidade dessa palavra. A expressão mais próxima seria "em estado de graça“! Nós não precisamos nos esforçar para que a semente do Reino cresça na nossa vida, pois ela crescerá pela graça de Deus!

O trabalho paciente do semeador é suficiente! Ele sabe qual é a parte dele nesse processo da vida e isso basta. O semeador sabe quando ele deve parar e deixar a natureza agir. Todo trabalho em excesso seria tomar o lugar de Deus e isso é diabólico! Ao invés disso, após termos feito nossa parte, devemos descansar na graça que é melhor que a vida, nas promessas de Deus. ELE disse, ELE fará!

Realmente é um mistério como a palavra de Deus germina na alma humana até produzir frutos. Com certeza o Reino de Deus virá. Ele já está no nosso meio. Os planos que Deus planejou para o mundo, para minha vida, para a igreja serão realizados.

Mesmo que o reinado de Deus pareça oculto, ele ainda se tornará visível! No  contexto dessa parábola percebemos a incerteza dos discípulos, se aquilo que Jesus prega realmente acontecerá. Eles buscam no Reino de Deus um sentido para suas vidas. Após tanto tempo na companhia dele, eles começam à questionar se esse "Reino“, do qual Jesus fala, realmente trará a mudança tão desejada, ou se eles devem tomar o mesmo pela força. Olhando o contexto, entendo o desespero dos discípulos. O que Jesus prega com relação à Deus, sua vinda ao mundo, seu amor pelo gênero humano, suas promessa, não encontra nenhuma ressonância no mundo. Suas palavras parecem serem levadas pelo vento. As pessoas se fecham e o número de inimigos que à cada dia cresce parece superar todo sucesso. À cada passo que Jesus dá se estreita seu caminho mais e mais e o fim do mesmo não é um mistério para ninguém. Para aumentar o desespero dos discípulos, todas as vezes que Jesus é reconhecido como o tão prometido e ansiado Messias, ele ordena que as pessoas se calem. Será isso o Reino de Deus?

Nesse contexto Jesus diz "observe o semeador“ e com essa palavras ele transforma a parábola em uma fonte de paz: O semeador após semear as sementes no campo se deita e dorme tranquilamente. A semente vai crescer, pois ele sabe que ele fez a sua parte. O Reino de Deus virá com certeza! Se preocupar? Por quê? Deus está no controle!

O Semeador nessa parábola não sabe como a semente cresce. Nós conhecemos hoje todo processo biológico. Nós sabemos à respeito da divisão das células, da mutação, da fertilização e da herança genética. Nós nos encontramos em uma fase crítica da manipulação genética. O semeador dessa história não sabia nada disso. A única coisa que ele sabia era que a semente cresce! Hoje em dia nós podemos não somente acompanhar, mas também controlar e influenciar cada fase do crescimento. Por causa disso é compreensível que viemos a desejar também fazer o mesmo com o Reino de Deus, como se o mundo parasse de girar ao fecharmos os olhos para dormir!

Em segredo, escondido do olhar humano, solitário e frágil como uma semente no campo se expande o Reino de Deus no mundo. Mesmo que o Reino de Deus seja esquecido em um canto dos nossos corações, ainda assim ele cresceria, como a semente no campo cresce, ainda que o semeador a esqueça. A boa obra que ELE começou, ELE terminará!

O Reino de Deus não se encontra nas nossas mãos! O lavrador semeou seu campo, agora é hora da terra fazer sua parte. O dia trás seus afazeres e tem seu próprio ritmo. A vida do lavrador segue em frente. Ele acorda, trabalha, come e se deita de acordo com o ritmo do dia. Lá fora, no campo, a semente germina, desperta para a vida, cresce e segue seu destino dado por Deus. Será que o lavrador deve se deitar ao lado e observar se tudo corre mesmo como deveria? Será que a semente necessita da ajuda dele? Mesmo que ela precisasse como ele poderia ajudá-la? A natureza tem o seu tempo e o mesmo não se deixar controlar!

O lavrador semeou o campo, mas foi a terra que fez a semente crescer! A parábola deixa claro, que o sucesso do Reino de Deus não depende de nós, das nossas noites sem dormir, das inúmeras e incansáveis batalhas espirituais, jejuns ou propósitos. A terra traz o fruto e não o esforço humano! A nossa tarefa nesse processo maravilhoso é fazer apenas nossa parte, o milagre pertence à Deus!

A mensagem dessa parábola nos liberta de toda pressão da nossa consciência, neurose e opressão evangélica. Nós não precisamos controlar ou tentar acelerar o nosso desenvolvimento espiritual. Esse texto nos liberta da impressão de que o crescimento do Reino de Deus no mundo dependa de nós e nos exclui também do mérito do mesmo. Nós não podemos ajudar, mas também não podemos acelerar ou até mesmo interromper ou freirar a vinda do mesmo. O Reino de Deus se espalhará no mundo, nas nossas vidas e na igreja, por que Deus assim o quer.

Ao invés de pressionar algo que não está nas nossas mãos, necessitamos de coragem para confiarmos no poder de Deus. Confiar que a minha fraqueza não é limite para Deus agir em mim ou através de mim, se o Espírito Santo vive em mim. Deus é aquele que nos transforma e dá crescimento. Ele me a acompanha no processo de morte para mim mesmo e é quem faz crescer em mim uma nova vida. Até mesmo meus pecados e fraquezas estão nas mãos dELE.

Paz invade nossas almas! Nós podemos viver nossa vida na paz que ultrapassa todo entendimento. O Reino de Deus foi semeado. Viver em paz não significa não fazer nada mais para o Reino de Deus. Mas a confiança de que o Reino foi semeado e está à crescer nos livra da neurose de termos que agir, fazer, controlar, influenciar, pagar um preço para que o Reino cresça. Nosso presunção de sermos responsáveis pelo sucesso da igreja e de que NADA funciona sem nossa colaboração cai por terra. Somente quando confiamos, experimentamos a liberdade de agirmos e de vivermos em estado de graça. Nesse ponto podemos respirar fundo e esperar que a a semente de Deus amadureça no mundo, na igreja, nas nossas vidas. Deus semeou esse mundo através do seu filho e ELE verá os frutos. O Reinado de Deus virá sem a nossa ajuda. Por isso somos livres para semear e investir em pessoas, no amor, na paciência, nosso dinheiro, energia, idéias ...

Para finalizar tenho que citar Luthero, pois a confiança do mesmo me impressiona: "Eu semeei a palavra, de forma falada e escrita. Coisa à mais não fiz. Eu deixei a Palavra agir. Isso aconteceu enquanto eu dormia ou enquanto eu tomava minha cervejinha com meus amigos. Enquanto eu desfrutava a companhia dos amigos e a cerveja gelada, o evangelho corria pelas ruas e chegava ao seu alvo.“